Notícia

  • 27 outubro 2021
  • Agricultura
Adapar restringe emissão de guias de transporte para bovinos em todo o sudoeste

A emissão de Guias de Transporte Animal (GTA) através de prefeituras e sindicatos está temporariamente suspensa em todo o Sudoeste. A determinação partiu da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), que está centralizando a emissão destes documentos somente em suas unidades próprias. A medida vale para todos os municípios abrangidos pelos escritórios regionais de Francisco Beltrão, Pato Branco e Dois Vizinhos.

 

A Adapar ressalta que as guias para transporte de outros animais, como aves, equinos, suínos e ovinos, continuam sendo emitidas normalmente por servidores dos municípios e funcionários dos sindicatos; a restrição é somente para os bovinos. Os produtores, portanto, precisam procurar as unidades locais para obter este tipo de documento, que deve ser requisitado de forma presencial.

 

A restrição, temporária, é uma forma de controlar melhor o trânsito de bovinos na região até que se investigue possíveis irregularidades. A Adapar identificou problemas nas informações prestadas por produtores para transportar bois e vacas, situação que é considerada grave, diante do cenário de área livre de aftosa sem vacinação obtido pelo Paraná e do aumento do contrabando de animais vivos pela fronteira com a Argentina.

 

Alerta para a região

Em agosto, o deputado estadual Wilmar Reichembach (PSC), líder do Bloco Agropecuário na Assembleia Legislativa, manifestou preocupação com a entrada clandestina de animais pela ‘fronteira seca’ com o país vizinho, alertando para “as consequências sanitárias e econômicas ao nosso Estado”. Poucos dias antes, uma operação conjunta da Adapar e Polícia Federal prendeu três pessoas e apreendeu mais de 30 cabeças de gado que eram transportadas ilegalmente no interior de Santo Antônio do Sudoeste, bem próximo da Argentina.

No mês passado, a CNA (Confederação Nacional da Agricultura) produziu reportagem alertando sobre a necessidade de reforçar a vigilância sanitária na região de fronteira e mostrando o trabalho feito pelos órgãos de controle. Além de Santo Antônio, Barracão e Bom Jesus do Sul são considerados pela Agência os pontos mais sensíveis ao contrabando, pela facilidade de travessia da fronteira. Nos últimos cinco meses, mais de 100 animais que entraram irregularmente no Brasil foram apreendidos e encaminhados para abate sanitário.

 

Diferença de preços

O contrabando de bovinos pela fronteira é fomentado devido à diferença de preços do gado argentino e brasileiro. Com isso, fica mais vantajoso para os vizinhos – que estão pribidos de exportar – vender ilegalmente o gado pela fronteira para ser abatido e comercializado no Brasil.

 

O JdeB apurou que a suspeita é de que produtores tenham agido de má-fé para “esquentar” o gado clandestino. Ao solicitar a guia, os pecuaristas fazem a atualização do rebanho – como se os bois contrabandeados tivessem nascido e sido criado em suas propriedades, no Brasil – e obtêm a autorização para o transporte. Os animais, então, são enviados para outras regiões, para abate.

 

Fiscalização reforçada

A entrada irregular de bovinos pode comprometer um importante marco sanitário do Paraná que, em maio, obteve o certificado de área livre da febre aftosa sem vacinação, pela Organização Mundial de Saúde Animal. O status permite a comercialização de produtos do Estado em mercados internacionais exigentes.

 

A Adapar vem reforçando a fiscalização na região, em conjunto com forças de segurança.

 

“É a região que merece maior atenção. A certificação internacional exigiu um controle maior do nosso cadastro e do trânsito de animais, além de ações de vigilância”, destacou Rafael Gonçalves Dias, gerente de saúde animal da Adapar.


Fonte: JORNAL DE BELTRÃO | FOTO: REPRODUÇÃO / INTERNET
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